Tudo Parou

As bocas conversaram por uns minutos
Sem nenhuma palavra pronunciar
Os segundos se prolongaram
Parou o som, parou o ar.

Pararam também as vozes
Parou o trânsito
O céu engarrafou,
Devagar o mundo girou

Os transeuntes iam para todos os lados
Andavam rápido
Apressados, ocupados
Pararam tudo quando aquele beijo foi dado.

Da Saudade

Conformidade
Em não ter mais aquela intimidade
De conversar, sem nenhuma palavra pronunciar.
De se aninhar no abraço dos braços que no ninho estavam a esperar.

Aceitar
Em ser consumida por um sentimento incomum
Não se encaixar em lugar nenhum
Que aquele ser não esteja.

Não pertencer
A nada que não possua aquele cheiro
A nada que não aja daquele jeito
A nada que não sussurre aquelas palavras.
Sorrindo mas nem sempre de verdade
sendo imensamente dominada e corroída pela saudade.

(Andrômeda)

Amor, Amar.

Amor,
Não à ''quem'', mas ao ''quê''.
Amor,
Bem sentido mesmo sem entender.

Amor,
Ao vento, aos minutos do tempo
Amor, amor
À lembrança daquele beijo, daquele sabor

Amor,
Às risadas dos desconhecidos que podemos ouvir
Amor,
Aos abraços que só por observar podemos sentir

Amor,
Ao encontro dos amigos, para relembrar, rir e chorar
Para prometer muito em breve se reencontrar
Amor,
Simplesmente por amar.

Sentidos

Meu coração cegou
Parou, quando você passou
Pelas retinas mareadas
Dos meus olhos brilhantes de lágrimas
Que brotam serelepes
Se misturando com meu meio sorriso envergonhado
Por ter sido banhado por gotículas de um sentimento ocultamente escancarado.

Sem visão para o orientar
Tua voz é o guia para continuar
Os ouvidos do coração são apurados
Ouvem até mesmo sua confissão em grito sussurrado
Percebem quando você se aproxima sorrateiramente do meu lado

Toda meu ser sente quando você chega
Minha pele arrepia e eu tenho medo de ser pega
Já fiz esforço para disfarçar
O que meu corpo insiste em dançar
-E cantar- silenciosamente
Com movimentos que denunciam
Meu modo de amar.

Poesia à Habitar

Nossa vida seria de poesia
Todo sentimento seria escrito
Detalhadamente descrito
Tudo aquilo que viveríamos todo dia.

Assinaríamos no Universo
Nosso compromisso com as palavras
Toda nossa liberdade acorrentada.
Todo beijo registrado
Em cada verso de amor
Nossos dedos entrelaçados
Se misturando numa conversa com mais sabor.

As paredes da nossa casa rabiscadas seriam
Versos por todos os lugares teriam
Em cada canto do nosso lugar
A Poesia transbordaria
E quem viesse nos visitar
Infectado pelo amor seria.

Te faria uma festa a cada anoitecer
Dançaria em teus sonhos
E no amanhecer
Me renderia ao teu ‘’bom dia’’ risonho.

O Sorriso e os Olhos

Linhas que nunca se cruzam
Paralelas, eternamente seguem por caminhos
igualmente distintos.

Não se veem,
Não se tocam,
Não ocupam o mesmo lugar
Não se sentem
Não se beijam
Não conseguem se encontrar

Um sentimento impossível
Os colocam no lado oposto
Quando o sorriso chega
Os olhos fogem do rosto.

É como se corresponder
Não estivesse nas opções
Amar e ser amado
Não aparecem no mesmo xadrez
Do campo das emoções.


E assim vão seguindo,
Captando detalhes,
Encantados, sorrindo
Descobrindo prazeres
Provocando sensações
Despertando desejos em bobos corações.