Onde a morte reinaria.

A dor é necessária e isso é um fato.
Com a dor aprendemos
a apreciar mais intensamente as delícias da vida.
Aprendemos a Amar
Porque cansamos da solidão.
Aprendemos a Sorrir
Porque cansamos das lágrimas
Mesmo que elas sejam
Portas de saída para nossos temores.
Aprendemos a Cantar
Porque cansamos do sufoco do silêncio.
Aprendemos a Dançar
Porque precisamos nos libertar do cotidiano que nos aprisiona.
Vemos a Esperança renascer
Onde o desespero parecia estar.
Vemos o Sorriso surgir
Nos rostos onde as lágrimas deveriam banhar
Vemos o Amor se renovar
Onde o individualismo poderia imperar.
Vemos a árdua luta pela vida
Onde a morte poderia reinar.

Ocupar, Resistir

Arrancaram um pedaço da minha carne
E com concreto estão tentando conter o sangramento
Mentindo em público, os ''médicos'' que deveriam me salvar
Me deixam ao relento.

Os companheiros de luta são brutalmente atacados.
Com pimenta e gás, eles são cegados.
Eles lutam contra o tempo e nadam contra a maré.
Suportam a dor e o fogo e ainda estão de pé.

A dor aumenta e meu grito é silenciado
Eles mentem para meus filhos
Continuam me ''concretizando''
Derramando meu sangue talhado,

Eu ouço gritos, sinto lágrimas escorrendo
Porque não sinto só essa dor.
São gritos de ordem
Pedidos de Paz e Amor.

De gente que sabe que não pode perder a esperança
Que entende que não pode desistir
A vida e a história tem que seguir
Não acabou, a ordem é OCUPAR, RESISTIR.

Andrômeda

De causa, de alma

Mesmo naquele (meio) mundo hostil
Ela exige respeito e isso é justo
Entre freios e aceleradas
Ela sorri e passa batom
Se destaca entre a multidão
Discursando sobre livros
Exalando feminilidade onde passa
De frágil e dependente por alguns é erroneamente rotulada
Por parecer uma flor chega a ser até desacreditada
Mas engana-se quem nisso insiste
Tem a força de um tanque de guerra
Que usa propagando o amor e impondo respeito na sua maior luta: a igualdade.
Me orgulho em conhecê-la
Me orgulho em admirá-la
Marias, Juciaras, Luizas, Bárbaras
Somos todas irmãs de causa.
Somos todas irmãs de alma.

                            Andrômeda

Meu perigo, meu abrigo

Abre a porta pra mim.
Ou deixa eu te invadir
Deixa eu te conhecer
Vamos deixar fluir
E quando anoitecer de fato
Estará consumado
E eu direi sim.

Deixa eu te decifrar
Abre teu coração
Não precisa nem falar
As palavras não dizem tudo
Do mesmo jeito que o abajour não clareia todo escuro.
Nossas sombras entrelaçadas
Valsam na balada universal.

Abre tua alma pra mim
Deixa que o agora seja infinito.
Me olhe nos olhos
Seja meu perigo
Deixe que o silêncio grite
Seja meu abrigo
E enfim. Nunca terá fim.
     
                     Andrômeda