De causa, de alma

Mesmo naquele (meio) mundo hostil
Ela exige respeito e isso é justo
Entre freios e aceleradas
Ela sorri e passa batom
Se destaca entre a multidão
Discursando sobre livros
Exalando feminilidade onde passa
De frágil e dependente por alguns é erroneamente rotulada
Por parecer uma flor chega a ser até desacreditada
Mas engana-se quem nisso insiste
Tem a força de um tanque de guerra
Que usa propagando o amor e impondo respeito na sua maior luta: a igualdade.
Me orgulho em conhecê-la
Me orgulho em admirá-la
Marias, Juciaras, Luizas, Bárbaras
Somos todas irmãs de causa.
Somos todas irmãs de alma.

                            Andrômeda

Meu perigo, meu abrigo

Abre a porta pra mim.
Ou deixa eu te invadir
Deixa eu te conhecer
Vamos deixar fluir
E quando anoitecer de fato
Estará consumado
E eu direi sim.

Deixa eu te decifrar
Abre teu coração
Não precisa nem falar
As palavras não dizem tudo
Do mesmo jeito que o abajour não clareia todo escuro.
Nossas sombras entrelaçadas
Valsam na balada universal.

Abre tua alma pra mim
Deixa que o agora seja infinito.
Me olhe nos olhos
Seja meu perigo
Deixe que o silêncio grite
Seja meu abrigo
E enfim. Nunca terá fim.
     
                     Andrômeda

Sobre Amar e Ser Livre

Cinta-liga.
Espartilho.
Meia Preta.
Fitas em amarração.

Sem hora para voltar
Sem satisfações para dar
Com tudo à flor da pele
E a sedução no olhar

Sorriso no canto da boca
Com mil ideias sussurradas ao pé do ouvido
Exalando o perfume hormonal
Embriagando o sistema olfativo

Aquele cheiro de desejo
Aquele toque.
Aquele beijo.
A perda do controle.

As taças estão sobre a mesa e o vinho pela metade
Um brinde é feito
À entrega, à rendição.
Ao prazer, à liberdade.

                                         Andrômeda

Sobre a Liberdade e a Rendição ao Amor.

Nem lembrei de pisar no freio
Acelerei na ladeira e o ‘’amor’’ me acertou em cheio.
O estrago foi grande e eu levantei dolorida
De tanto rir, vi a vida mais colorida.

Abandonei o que me transportava
Eu que tanto prego a liberdade, me vi acorrentada
Mas não à liberdade
Estava presa aos tabus e aparência que me exigia a sociedade.

Joguei tudo fora
A dor, a incerteza, os poréns, os porquês mandei tudo embora
Ao novo me abri
Decidi que era assim que queria viver quando à felicidade me permiti.

Foi sua voz que me despertou do coma escurecido
Você me mostrou o quanto eu tenho sobrevivido
Sua serenidade me tranquiliza do caos que é essa cidade
Você me faz desejar que cada momento dure uma eternidade.

                                                             (Andrômeda)

E Dancemos

Revire-se em mim
Se deixe levar pela música que te compõe
Mova-se conforme os acordes tocados por nossa orquestra corpórea
Se permita a entrega e dancemos.

Aninhe-se em mim
Na noite mais escura e perturbadora
Enrosque-se nos meus braços e descanse
O dia já vem e eu continuarei aqui.

Entregue-se a mim
Não pretendo ir até que se sinta seguro
Não pretendo dormir até que você consiga
Fechar os olhos e descansar tranquilamente.

Pouse em mim, ancore em mim
Deixe eu ser seu (aero)porto seguro
Deixe eu ser as mini luzes que iluminam a pista (de dança!)
Permita-me mostrar para que eu vim e dancemos.
              
                             
                                                  Andrômeda

Traição

Dança. Balança. Encanta.
Embriaga. Envolve. Emudece todos os murmúrios
Quando o vento bate e espalha sua essência.

A maior das traições foi descoberta
Quando o mais belo e encantador fez sangrar
A beleza escondia uma tal crueldade
De tão linda e envolvente cegou os olhos dos amantes mortais.

Sangrei. Sangrei.
Senti o ardor. o ar e a dor.
Vi escorrer por meus dedos a vermelhidão vital
A rosa, com toda sua maciez mostrou seu espinho
Fez com que com cuidado eu andasse pelo árduo caminho da vida
O que era inacreditável tornou-se real

E apesar da dor e do sangue escorrido
Continuo admirando, acariciando e me ferindo
E essa dor parece fazer parte da rotina
Um amor, uma flor que encanta tem uma dor que desatina.

                                                        Andrômeda

A Saudade e o Espetáculo Confuso

Meus olhos se renderam
Marejados não aguentaram o peso
Renderam-se ao cansaço de transbordar.
Já estava claro quando adormeci.
Os raios do sol começavam a invadir o quarto
O turbilhão me venceu. Eu cedi.

Sonho tumultuoso
Um espetáculo confuso
Com personagens incompletos
Sem direção.
Sem uma única voz para narrar o amor
Todos gritando uma dor.
Uma partida.

Acordei meio atordoada
Me revirei a noite inteira
Parecia que faltava algo
Percebi que era o abraço
Dos braços que antes
Se aninhavam em mim.

                                Andrômeda