Sobre Amar e Ser Livre

Cinta-liga.
Espartilho.
Meia Preta.
Fitas em amarração.

Sem hora para voltar
Sem satisfações para dar
Com tudo à flor da pele
E a sedução no olhar

Sorriso no canto da boca
Com mil ideias sussurradas ao pé do ouvido
Exalando o perfume hormonal
Embriagando o sistema olfativo

Aquele cheiro de desejo
Aquele toque.
Aquele beijo.
A perda do controle.

As taças estão sobre a mesa e o vinho pela metade
Um brinde é feito
À entrega, à rendição.
Ao prazer, à liberdade.

                                         Andrômeda

Sobre a Liberdade e a Rendição ao Amor.

Nem lembrei de pisar no freio
Acelerei na ladeira e o ‘’amor’’ me acertou em cheio.
O estrago foi grande e eu levantei dolorida
De tanto rir, vi a vida mais colorida.

Abandonei o que me transportava
Eu que tanto prego a liberdade, me vi acorrentada
Mas não à liberdade
Estava presa aos tabus e aparência que me exigia a sociedade.

Joguei tudo fora
A dor, a incerteza, os poréns, os porquês mandei tudo embora
Ao novo me abri
Decidi que era assim que queria viver quando à felicidade me permiti.

Foi sua voz que me despertou do coma escurecido
Você me mostrou o quanto eu tenho sobrevivido
Sua serenidade me tranquiliza do caos que é essa cidade
Você me faz desejar que cada momento dure uma eternidade.

                                                             (Andrômeda)

E Dancemos

Revire-se em mim
Se deixe levar pela música que te compõe
Mova-se conforme os acordes tocados por nossa orquestra corpórea
Se permita a entrega e dancemos.

Aninhe-se em mim
Na noite mais escura e perturbadora
Enrosque-se nos meus braços e descanse
O dia já vem e eu continuarei aqui.

Entregue-se a mim
Não pretendo ir até que se sinta seguro
Não pretendo dormir até que você consiga
Fechar os olhos e descansar tranquilamente.

Pouse em mim, ancore em mim
Deixe eu ser seu (aero)porto seguro
Deixe eu ser as mini luzes que iluminam a pista (de dança!)
Permita-me mostrar para que eu vim e dancemos.
              
                             
                                                  Andrômeda

Traição

Dança. Balança. Encanta.
Embriaga. Envolve. Emudece todos os murmúrios
Quando o vento bate e espalha sua essência.

A maior das traições foi descoberta
Quando o mais belo e encantador fez sangrar
A beleza escondia uma tal crueldade
De tão linda e envolvente cegou os olhos dos amantes mortais.

Sangrei. Sangrei.
Senti o ardor. o ar e a dor.
Vi escorrer por meus dedos a vermelhidão vital
A rosa, com toda sua maciez mostrou seu espinho
Fez com que com cuidado eu andasse pelo árduo caminho da vida
O que era inacreditável tornou-se real

E apesar da dor e do sangue escorrido
Continuo admirando, acariciando e me ferindo
E essa dor parece fazer parte da rotina
Um amor, uma flor que encanta tem uma dor que desatina.

                                                        Andrômeda

A Saudade e o Espetáculo Confuso

Meus olhos se renderam
Marejados não aguentaram o peso
Renderam-se ao cansaço de transbordar.
Já estava claro quando adormeci.
Os raios do sol começavam a invadir o quarto
O turbilhão me venceu. Eu cedi.

Sonho tumultuoso
Um espetáculo confuso
Com personagens incompletos
Sem direção.
Sem uma única voz para narrar o amor
Todos gritando uma dor.
Uma partida.

Acordei meio atordoada
Me revirei a noite inteira
Parecia que faltava algo
Percebi que era o abraço
Dos braços que antes
Se aninhavam em mim.

                                Andrômeda

Dançar, Repousar, Sentir. Amar.

Quando eu dancei,
Fui livre e repousei no chão.
Voei, fui na imensidão do amor,
E de lá não retornei.
Ao amor me prendi,
Pela minha liberdade não lutei.
Me rendi, senti o vento,
Observei, me encantei
E finalmente pude dizer que amei.
             
                                     Andrômeda

As Cores, as Flores, as Estrelas e o Chá

Sabe, preciso confessar
Declarar o amor nas estrelas,
Nas cores das flores, no ar
Aquilo que já não cabe em mim
Boas sensações que eu consigo sentir.

O sabor do Mate com aquele beijo ficou na memória
Com limão e mel,
Agridoce é a nossa ''história''
Deixa eu falar, de corpo e alma dançar
Deixa eu ser teu par, na poesia, no amor, na dor e no chá.

Tudo Parou

As bocas conversaram por uns minutos
Sem nenhuma palavra pronunciar
Os segundos se prolongaram
Parou o som, parou o ar.

Pararam também as vozes
Parou o trânsito
O céu engarrafou,
Devagar o mundo girou

Os transeuntes iam para todos os lados
Andavam rápido
Apressados, ocupados
Pararam tudo quando aquele beijo foi dado.

Da Saudade

Conformidade
Em não ter mais aquela intimidade
De conversar, sem nenhuma palavra pronunciar.
De se aninhar no abraço dos braços que no ninho estavam a esperar.

Aceitar
Em ser consumida por um sentimento incomum
Não se encaixar em lugar nenhum
Que aquele ser não esteja.

Não pertencer
A nada que não possua aquele cheiro
A nada que não aja daquele jeito
A nada que não sussurre aquelas palavras.
Sorrindo mas nem sempre de verdade
sendo imensamente dominada e corroída pela saudade.

(Andrômeda)

Amor, Amar.

Amor,
Não à ''quem'', mas ao ''quê''.
Amor,
Bem sentido mesmo sem entender.

Amor,
Ao vento, aos minutos do tempo
Amor, amor
À lembrança daquele beijo, daquele sabor

Amor,
Às risadas dos desconhecidos que podemos ouvir
Amor,
Aos abraços que só por observar podemos sentir

Amor,
Ao encontro dos amigos, para relembrar, rir e chorar
Para prometer muito em breve se reencontrar
Amor,
Simplesmente por amar.

Sentidos

Meu coração cegou
Parou, quando você passou
Pelas retinas mareadas
Dos meus olhos brilhantes de lágrimas
Que brotam serelepes
Se misturando com meu meio sorriso envergonhado
Por ter sido banhado por gotículas de um sentimento ocultamente escancarado.

Sem visão para o orientar
Tua voz é o guia para continuar
Os ouvidos do coração são apurados
Ouvem até mesmo sua confissão em grito sussurrado
Percebem quando você se aproxima sorrateiramente do meu lado

Toda meu ser sente quando você chega
Minha pele arrepia e eu tenho medo de ser pega
Já fiz esforço para disfarçar
O que meu corpo insiste em dançar
-E cantar- silenciosamente
Com movimentos que denunciam
Meu modo de amar.

Poesia à Habitar

Nossa vida seria de poesia
Todo sentimento seria escrito
Detalhadamente descrito
Tudo aquilo que viveríamos todo dia.

Assinaríamos no Universo
Nosso compromisso com as palavras
Toda nossa liberdade acorrentada.
Todo beijo registrado
Em cada verso de amor
Nossos dedos entrelaçados
Se misturando numa conversa com mais sabor.

As paredes da nossa casa rabiscadas seriam
Versos por todos os lugares teriam
Em cada canto do nosso lugar
A Poesia transbordaria
E quem viesse nos visitar
Infectado pelo amor seria.

Te faria uma festa a cada anoitecer
Dançaria em teus sonhos
E no amanhecer
Me renderia ao teu ‘’bom dia’’ risonho.

O Sorriso e os Olhos

Linhas que nunca se cruzam
Paralelas, eternamente seguem por caminhos
igualmente distintos.

Não se veem,
Não se tocam,
Não ocupam o mesmo lugar
Não se sentem
Não se beijam
Não conseguem se encontrar

Um sentimento impossível
Os colocam no lado oposto
Quando o sorriso chega
Os olhos fogem do rosto.

É como se corresponder
Não estivesse nas opções
Amar e ser amado
Não aparecem no mesmo xadrez
Do campo das emoções.


E assim vão seguindo,
Captando detalhes,
Encantados, sorrindo
Descobrindo prazeres
Provocando sensações
Despertando desejos em bobos corações.

A árvore e o Vento

A árvore balança, dança conforme o vento está a tocar
As folhas voam, giram livres pelo ar
Secas ou verdes, tardias ou precoces todas estão no céu a tecer
Um caminho bonito para mim e para você.

Flores pelo chão acrescentam ao caminho
Um sabor mais gostoso como um beijo com vinho
As cores vivas chamam atenção
Com a mesma intensidade que meu coração bate quando você pega minha mão.

E aquela árvore que baila com o vento
Faz de suas folhas lições do tempo
Calma na alma é o Floreio matinal
O brilho e o encanto de um amor colossal.

Recife, vivo a te amar

A Cidade-Encanto está a brilhar
Com cores vibrantes que atraem o olhar
E afloram boas sensações
Saltitam de alegria todos os corações
Que dotados de tamanha sensibilidade
Conseguem enxergar pequenos detalhes da cidade
Que amante está a acolher e encantar
Quem por ela está a caminhar
Dotada de ousadia
Une o antigo e o atual
Se reinventando todo dia
Cidade-Palco
Que transforma a vida cotidiana num grande espetáculo
Fazendo das artes um hábito.
Exalando cultura, convida a todos a viver e cantar
Alegrias dançantes no Coco, na Ciranda e no Maracatu
Vivendo a chamar para  Frevar, amores como Mainha, Eu e Tu.

Provisório e Anonimato

Algumas circunstâncias nos forçam a se contentar com pouco
Nos fazem engolir o amargo e ainda assim sorrir.
Nos obrigam a parar de questionar
E aceitar opinião de uma minoria controladora.
Vivemos numa escravidão voluntária,
Com correntes nos pés que dificultam a caminhada diária
Como marionetes num não-viver mas existir
Controlados, e ensinados a acenar e sorrir
Numa pseudo-felicidade, debochando da corda no próprio pescoço.
Erroneamente conformado em deixar de ser quem é para ser um número qualquer
No meio de tantas vozes, assuntos diversos
Exclama algum programado: Veja você agora é 1 número Provisório, saiu do anonimato!

Novo Ato

Comecemos o segundo ato!
O antecessor trouxe tanta dor que acabou sendo um fracasso.
E entendemos que estávamos errados,
Os papeis eram equivocados
A maquiagem lacrimejante
não combina com o sorriso brilhante
dos olhos da personagem principal
A roupagem estava errada
Eram inúmeras as inúteis máscaras
E para quê? Para esconder o verdadeiro sentido do viver
Que de tanto ser escondido acabou em perigo,
Correndo o risco de ser esquecido
Até que alguém da plateia gritou
E daquele coma a personagem acordou
E se despiu de todos aqueles aparatos errados.
Finalmente, começaremos o novo ato!
                                                                    Andrômeda

O Francês e a Bailarina

O silêncio falante
Produzido por uma tal vergonha
Os separa, os priva de boas risadas algumas conversas, uma cumplicidade escancarada.

Olhares são trocados
Sorrisos compartilhados
A vermelhidão das maçãs do rosto do Francês revela que a Bailarina foi notada.

Ele a admira do seu discreto lugar na plateia.
Ela do palco observa encantada o Francês que por instantes a transporta a lugares flutuantes.

Ela rodopia,
Ele a contempla
Olhares finalmente se encontram
O rosto dele enrubece
O coração dela dispara
Sorrisos tímidos surgem

Numa "conversa" tímida
Enquanto ela baila
Trocam sorrisos
Mas não trocam palavras.

Doce Ilusão

Deixa eu te mostrar para que eu vim
Deixa eu te mostrar para que eu estou aqui
Vem, me abraça, me aperta, me beija
Me faz voar, me faz dormir, me faz descansar
E me mostra de novo que eu estou errada,
Me segura pela cintura, me mostra que eu estou protegida
Segura meu cabelo, sussurra que está aqui,
que não vai fugir,
E me deixa viver essa doce ilusão,
Arranca, vai, destroça esse coração,
Faz dele o que quiser, já que ele te pertence de corpo e alma,
Vem me faz, me traz essa calma,
E não esquece que ele só pulsa e se aquece com o toque de tuas mãos.
                                                                   
                                                                               Andrômeda

No Jardim

Estava a observar
A cor do céu naquela noite de luar.
As estrelas reluzindo.
Vagalumes indo e vindo
E eu sentada sentido o ar
Observando a natureza dançar
Ao som da música que estava tocar.
O céu começava a mudar de cor
A lua dava lugar a outro sabor.
E amor
Que graciosamente era representado pela luz que surgia no leste,
Apagando as estrelas,
Acendendo a vida,
Acordando o mundo
Reconhecendo que lá no fundo
O amor tem infinitas formas cores, significados,
Abraços, beijos e muitos laços.

                                                                               Andrômeda

Isabele, a Bela.

Menina bonita do laço de fita
Boneca faceira debaixo da macieira
Brinca com o vento
Zomba do tempo
Se põe a dançar.
E a rodopiar.

Cantando uma música que mal entende as palavras
Encanta a todos que passam
Girando com seu vestido esvoaçante
Gloria sua pequenês numa petulância dançante.

Ah menina bonita, quem te deu este laço de fita?
Quem te fez tão linda e gentil?
Amores? Te guardo mil!
E que cresças com esta alegria
Que teu sorriso não perca o brilho
Mais forte que o sol quando amanhece o dia.

Andrômeda

A Rede



Rainha do descanso
Envolve o corpo como pérola em concha
Acolhe o sono de um longo dia
É instrumento de brincadeiras da criançada no fim da semana
E também dos arranhões e machucados
Das quedas que produzem os berros e as lágrimas infantis.

Mas como nem tudo é infância,
Sono, machucado e risada
Ela abriga também o amor
Abriga beijos e abraços
escondidos ou escancarados
Abriga da briga o espinho e a flor.

Primitiva, rejeita luxo e modernidade
Habita no campo, na praia ou na cidade
E mesmo que seja por muito tempo esquecida
Há quem se lembre de sua bondade.
Sejam peixes, pessoas ou objetos perdidos
Voluntariamente ou não todos rendidos estão!

Andrômeda

Desejos

Eu deslizaria pelo teu corpo
Como a água de um desejado banho de chuva
Eu acalmaria teu ser
Com o canto silencioso do meu corpo
Eu te protegeria dos assombros mundanos
Que tentam destruir a magia que existe das simplicidades que habitam em nós
Eu te beijaria inteiro
Se isso fizesse tua pele arder
Eu sussurraria as verdades não ditas
Que sempre planejei te dizer
E mesmo que eu fosse embora
Voltaria atrás se você precisasse desses braços
Que te aninhariam e te arrepiariam pelo modo de te cuidar.
                                                                                               
                                                                                               Andrômeda